Paz e boa vontade – Notas de Nossos Mestres

 

Em 16 de dezembro de 2018, domingo à tarde, houve o tradicional Concerto de Natal na Igreja de St. Etienne-du-Mont, na Quartier Latin, em Paris, com o Coral do Oratório de Paris, composto de 50 vozes, apoiado pela soprana Anne-Aurore Cochet e pela orquestra de câmara da Ilha de França.

O programa, cantado em latim e traduzido para o francês, emocionou os presentes com as músicas de Franz Schubert (1797-1828) e de compositores locais (César Franck, 1822-1890; Gabriel Fauré, 1845-1924 e Camille Saint-Saëns, 1835-1921).

Cantou-se a glória e a crença no Criador e a humildade em pedir sua proteção. Nas orações, apresentou-se a questão da paz e sua relação com os homens de boa vontade.

Estas citações lembram os ensinamentos do Shikanai Sensei sobre o comportamento durante os treinos, onde se torna fundamental para o desenvolvimento a questão da boa vontade.

Há milhares de anos se fala na questão da paz e da boa vontade, o que leva à reflexão sobre o que é ter boa vontade. Ela também se manifesta como sendo uma questão de tempo e de treinamento constante para ir se desenvolvendo.

A boa vontade se constrói ao longo das nossas vidas e das gerações.

Esse treino constante é o que leva ao entendimento e à construção da paz entre todos nós, começando a partir do interior de cada um.

Treinar com afinco, disciplinado, comprometido em aprender, parece levar o praticante a ir além da forma, além do exercício físico para se transformar em desenvolvimento que transcende o externo para uma compreensão do que significa ser uma pessoa humana.

Talvez a isso se chame atingir um objetivo espiritual.

Cair, jogar e ser jogado, imobilizar e ser imobilizado sem nenhum ressentimento nem revanchismo, mas sentir-se bem, confortável e humano, na compreensão de suas limitações e iluminações, é uma sensação de completude e de satisfação para consigo mesmo e com os outros.

Construir a paz torna-se um processo contínuo, evoluindo o seu entendimento, que se iniciou como sendo um intervalo entre guerras, para uma sensação interna ausente de conflitos.

O Papa Francisco considera a paz um grande projeto que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos.

Ele define as dimensões da paz como sendo:
" - A paz consigo mesmo, com a rejeição da intransigência, da ira e da impaciência;
- A paz com o outro: a família, o amigo, o estrangeiro, o pobre e o atribulado; e,

- A paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo, cidadão e ator do futuro..” (Publicado no Correio Braziliense de 05 de janeiro de 2019).

 

Brasilia, 8 de janeiro de 2019.

Nelson Takayanagi - Aizenkai.

 

 

 

 

 

 

Aizenkai.